#66 Lançamento do “Netflix das AIs”, GPT-4 Superando Humanos em Análises Financeiras e 3 Atualizações Sobre a OpenAI
Mais uma semana de avanços no universo das Inteligências Artificiais Generativas!
E, como aqui você não perde nada do que acontece, essa edição está recheada de assuntos interessantes e relevantes. Os temas de hoje são:
Lançamento do “Netflix das AIs”; GPT-4 superando humanos em análises financeiras; 3 atualizações sobre a OpenAI; Use AI para criar jogos educativos; Clone qualquer estilo de texto com esse GPT.
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Lançamento do “Netflix das AIs”
Há praticamente um ano, nós trouxemos aqui um incrível projeto da empresa Fable Simulation.
A empresa acabava de criar um episódio completo da famosa animação South Park, apenas utilizando AI.
Todo o episódio em questão (enredo, diálogos, cenários e personagens) havia sido gerado por Inteligência Artificial, por um modelo, que eles criaram, chamado SHOW-1.
Esse modelo reunia uma série de outros modelos de AI em um processo criativo inovador.
Com esse projeto, foi possível vislumbrar o futuro da produção audiovisual, no qual os espectadores deixarão de serem consumidores de conteúdo passivos e se tornarão co-criadores do que assistem.
E não foi só a gente que ficou impressionado com o que a Fable Simulation criou. Após o lançamento do episódio e a publicação do artigo relatando como tudo foi feito, quase todos os estúdios de Hollywood entraram em contato com a empresa na tentativa de firmar algum tipo de parceria.
Mas até então, o que a Fable Simulation criou era apenas um projeto fechado - ninguém podia acessá-lo, nem criar nada com ele.
Isso está mudando agora.
A Fable acaba de anunciar o “Netflix das AIs”!
Ele consiste em uma plataforma chamada Showrunner. Nela, usuários podem usar uma versão melhorada do modelo que gerou o episódio de South Park para criar programas de TV completamente do zero ou continuar programas existentes a partir de simples comandos de texto.
Com um prompt de 10 a 15 palavras, os usuários conseguem criar cenas e episódios que variam de dois a 16 minutos - com diálogos, voz, edição, diferentes tipos de tomadas, personagens consistentes e desenvolvimento de história. Tudo isso gerado por AIs de texto, imagens, sons e vídeos.
A visão da empresa é que, em um futuro próximo, os usuários possam transformar suas ideias em programas de TV de forma praticamente instantânea, podendo definir desde o enredo da trama, até o estilo de animação, inspirações em outros shows, seus personagens, etc.
Com o Showrunner, a Fable planeja explorar tanto criações originais - programas de TV criados na própria plataforma -, quanto extensões de programas famosos que já existem (como o do próprio South Park). Nesse segundo modelo, a ideia é reverter a receita para os criadores originais.
Inicialmente, o foco da empresa será apenas suas criações originais.
Assim, o Showrunner contará com 10 programas de TV elaborados pela própria Fable - e com seus episódios gerados na plataforma pelos seus membros e por usuários.
Todos os programas se passam em San Francisco (ou “Sim” Francisco - uma versão simulada da cidade criada por eles, onde agentes autônomos de AI interagem entre si). Porém, cada show tem suas próprias histórias, personagens, estilos de animação e gêneros.
Um desses programas originais se chama Exit Valley e é uma sátira ao Vale do Silício. Você já pode assistir o primeiro episódio por aqui.
Mas esse é só um dos 10 programas, dá uma olhada nos outros:
Pixels: uma comédia familiar de dispositivos habilitados para AI que vivem em Sim Francisco;
What We Leave Behind: um drama familiar de anime sobre dois órfãos em Sim Francisco;
Ikiru Shinu: um anime de terror sombrio focado nos sobreviventes de uma calamidade global que tenta reconstruir a sociedade;
United Flavours of America: uma sátira da política dos EUA em 2024;
The Prize: uma história ambientada em uma nave espacial sobre exploradores espaciais que encontram alienígenas;
Hutzpa! Bernie: um viúvo mesquinho, se interna em um asilo para idosos em ruínas, onde os moradores desajustados lhe mostram que ele pode ser quem tem que aprender;
Sim Francisco: histórias de pessoas comuns que vivem em Sim Francisco;
Shadows over Shinjuku: um drama policial de anime que se passa na década de 1930;
Thistle Gulch: uma cidade do velho oeste com segredos obscuros.
Os usuários do Showrunner podem gerar episódios dessas séries ou criar novas séries ambientadas em Sim Francisco.
Por enquanto, para entrar na plataforma é necessário se inscrever na lista de espera (que tem mais de 50 mil pessoas). O que é algo bem chato, mas novos usuários já estão sendo aceitos. Para se inscrever é só clicar aqui.
De qualquer maneira, esse é o inicio de uma tendencia que irá mudar completamente a indústria cinematográfica.
No entanto, é importante mencionar que ainda há muito a ser feito.
A tecnologia atual do Showrunner não consegue sustentar uma história além de um episódio. Com isso, a AI só se sai bem nos programas mais episódicos, como sitcoms, investigações policiais, exploração espacial. Além disso, ela só consegue gerar animações simples, como as dos anos 80/90.
Mas esse problema será solucionado em breve, na medida em que as AIs avançam, ficam mais capazes e ganham mais “memória” e atenção ao contexto.
Assim, podemos esperar que o Showrunner evolua bastante a qualidade dos programas que ele gera nos próximos meses e, com feedback dos usuários, encontre o melhor formato para comercializar essa tecnologia.
Estou ansioso para testar e trarei atualizações sobre o projeto, então fique ligado.
GPT-4 superando humanos em análises financeiras
Um experimento recém-publicado demonstra que modelos de AI, como o GPT-4, podem realizar análise de demonstrações financeiras de maneira mais precisa do que um analista humano médio.
Isso não é uma grande surpresa, afinal, os grandes modelos de linguagem (LLMs), são ótimos em lidar com grandes quantidades de informação e performar análises.
Contudo, até então, não havia nenhum estudo que provasse isso de forma empírica e em grande escala no campo das finanças.
Pensando nisso, os pesquisadores da Universidade de Chicago resolveram explorar a questão.
Para tal, planejaram um experimento para avaliar se o GPT-4, poderia realizar análise de demonstrações financeiras de maneira comparável a analistas humanos profissionais e prever a direção dos lucros futuros.
Então a ideia era fornecer demonstrações financeiras padronizadas e anônimas ao GPT-4 e instruir o modelo a analisá-las. Após isso, os resultados do GPT-4 seriam comparados com previsões de analistas financeiros humanos e modelos de machine learning especializados nessas tarefas.
Assim, foram fornecidos para o GPT-4 balanços patrimoniais e demonstrações de resultados de empresas listadas na base de dados da Compustat de 1968 a 2021.
Essas demonstrações eram padronizadas e anônimas, sem informações textuais adicionais, como discussões e análises da gestão, para evitar que o modelo identificasse a empresa ou o período específico.
Tendo acesso a estas demonstrações e balanços, o modelo deveria analisar e responder se a empresa é sustentável e se os seus ganhos iriam aumentar ou reduzir no próximo período.
Para solicitar que o modelo fizesse essa análise, foram utilizadas dois tipos de comandos/prompts para o GPT-4:
Simples: instruções diretas para analisar as demonstrações financeiras e prever a direção dos lucros.
Chain-of-Thought (CoT): um estilo de prompt que guia o modelo através de um processo de análise passo a passo, semelhante ao que um analista humano faria.
O GPT-4 gerou suas previsões e elas foram comparadas com o consenso das previsões humanas (mediana das previsões individuais dos analistas humanos na época do lançamento das declarações financeiras) e com as previsões dos modelos de machine learning especialistas.
Os resultados encontrados foram muito interessantes.
O GPT-4, utilizando a abordagem CoT, alcançou uma precisão de 60,31% na previsão da direção dos lucros futuros, superando a precisão de 52.71% dos analistas humanos um mês após a divulgação dos resultados financeiros.
Além disso, a precisão do GPT-4 foi comparável aos modelos especialistas, que alcançaram uma precisão de 60,45% - o que é bem impressionante, já que ele não foi treinado especificamente pra isso.
Entretanto, apesar de superar o analista financeiro médio, não significa que o GPT-4 é superior aos melhores analistas financeiros - talvez o GPT-5 seja.
Mas vale lembrar que é bem possível que, caso o modelo de Inteligência Artificial tivesse acesso a mais informações sobre as empresas que ele analisou e sobre o contexto em que elas estavam inseridas, suas previsões teriam sido ainda melhores.
Dito isso, o estudo é muito legal por mostrar que as AIs que temos hoje podem ser poderosas ferramentas para profissionais do mercado financeiro, trazendo insights valiosos em áreas que os humanos ou os modelos especialistas não se saem tão bem.
Caso queira ler o estudo completo, ele se chama “Financial Statement Analysis with Large Language Models” e pode ser acessado por aqui.
3 atualizações sobre a OpenAI
Enquanto aguardamos a disponibilização da nova função de voz do GPT-4o e lançamento do próximo modelo de AI (GPT-4.5 ou GPT-5), a OpenAI vem nos mantendo ocupados com algumas histórias.
Nos últimos dias, ela está fechando parceiras estratégicas, fazendo lançamentos menores e lidando com conflitos internos.
É sobre isso que vamos falar hoje.
GPT-4o disponível
Menos de um mês após lançar o GPT-4o, a OpenAI está disponibilizando esse novo modelo gratuitamente via ChatGPT.
Apesar de ter sido dito que isto seria feito, confesso que foi bem mais rápido do que eu imaginava que seria.
Isso significa que qualquer pessoa agora terá acesso ao novo modelo e a vários recursos que antes só estavam disponíveis para assinantes do ChatGPT Plus.
Dentre esses recursos, podemos citar os de conversar com imagens (Vision), enviar documentos para resumir ou analisar, pesquisar na internet (Browsing), enviar dados para gerar gráficos e análises (Advanced Data Analysis ou Code Interpreter) e acessar GPT store, um local onde você pode-se encontrar versões do ChatGPT customizadas para tarefas específicas.
Isso é uma excelente notícia e se você ainda não testou essas funcionalidades, recomendo fortemente experimentar. Dou um destaque especial à ferramenta de análise de dados e aos GPTs - temos até alguns que fizemos, se quiser experimentar.
Falando sobre a gratuidade do acesso, nem tudo são flores. Os limites de mensagens não são muito altos - cada usuário pode enviar cerca de 15 a 20 mensagens a cada 3 horas usando o GPT-4o (cerca de 5 vezes menos do que os assinantes do Plus).
Não é muito, mas deve atender às necessidades dos usuários menos frequentes.
Parcerias estratégicas
No último mês, a OpenAI tem fechado uma dúzia de parcerias com grandes empresa que trabalham com ou produzem grandes quantidades de informações. São elas:
Financial Times: um dos principais jornais do mundo na área de finanças;
Stack Overflow: site de perguntas e respostas para programadores, com uma vasta base de dados especializados sobre programação;
Reddit: rede social no estilo fórum, onde ocorrem discussões recentes e atuais sobre os mais diversos tópicos;
News Corp: grupo de jornais que inclui The Wall Street Journal, The Times, New York Post e outros;
Vox Media: grupo de jornais que inclui Vox, The Verge, SB Nation e outros;
The Atlantic: um dos jornais mais tradicionais dos Estados Unidos.
Todas essas parcerias envolvem um tipo de acordo bilateral - basicamente, a OpenAI passa a ter acesso aos dados produzidos pelos parceiros, enquanto eles ganham acesso aos modelos de AI da empresa para construírem novos produtos com a tecnologia.
É um movimento bem interessante por parte da OpenAI, que ao mesmo tempo que se resguarda juridicamente, reúne dados de alta qualidade para treinar seus modelos e melhora a qualidade e precisão das buscas na web que o ChatGPT faz.
Conflitos internos
Finalmente, vamos falar sobre alguns conflitos internos que a OpenAI vem enfrentando.
Recentemente, alguns ex-membros da OpenAI falaram publicamente sobre uma cláusula de seus contratos que o impediam de falar qualquer coisa negativa sobre empresa, sob pena de perderem direito as ações adquiridas no período em que trabalhavam lpa
A cláusula de fato estava em vigor e é bastante absurda, principalmente levando em conta a transparência que se espera de uma empresa como a OpenAI - se tem algo de grave ou perigoso acontecendo, é importante que as pessoas saibam.
Isso gerou uma repercussão e Sam Altman, CEO da empresa, foi a público dizendo que não sabia da cláusula, que sentia muito pelo estresse e danos causados aos ex-funcionários e que eles estavam retirando isso dos contratos.
Ainda sobre Altman, na semana passada, Helen Toner, ex-membro do conselho da OpenAI voltou a mencionar os eventos que levaram a demissão do CEO em novembro, acusando Altman de cultivar uma "cultura tóxica de mentiras" e exibir "comportamento caracterizado como abuso psicológico".
Ela disse que até que soube do lançamento do ChatGPT pelo Twitter - querendo dizer que Altman não mencionou isso previamente ao conselho.
Em resposta a estas alegações, Bret Taylor e Larry Summers, membros atuais do conselho, destacaram que uma revisão externa foi conduzida pela WilmerHale e não encontrou motivos de segurança que justificassem a demissão de Altman.
Eles afirmam que Altman tem sido transparente e colaborativo com sua equipe de gestão, e que a decisão do conselho anterior não foi baseada em preocupações com a segurança das AIs.
É difícil saber quem tem razão nessas questões, mas o impacto que a OpenAI pode ter e provavelmente terá no futuro da humanidade, faz com que conflitos como estes, que são triviais em empresas comuns, passam a ter uma magnitude muito maior.
Indicações
Game Master - Jogos Educativos
Forneça um tema e esse GPT criará um jogo educativo baseado em escolhas!
Clonador de Estilo
Esse GPT analisa e descreve o estilo, voz, formato, etc. de qualquer texto para que ele seja “clonado” por outras AIs.
Dica de Uso
Se você tem o costume de gerar textos com Inteligência Artificial e copiá-los para postar em uma rede social, salvar em um documento ou mandar para alguém por WhatsApp ou e-mail, é bem possível que você tenha passado um tempo editando a formatação do texto.
Isso, pois frequentemente os modelos de AI geram textos no formato markdown. No ChatGPT ou na ferramenta que você está utilizando, essa formatação fica bonita e agradável, marcando os títulos, subtítulos e negritos.
Mas quando copiamos o texto e colamos em outra plataforma, a sua formatação fica bem ruim - cheia de hashtags e asteriscos - mais ou menos assim:
## Título
**Algum subtítulo em negrito**
Texto.
Mas tem uma forma de solucionar esse problema pelo ChatGPT.
Para isso, quando escrever o seu prompt pedindo para ele gerar um texto, adicione a seguinte instrução: “Gere isso como um documento word estruturado”.
Isso fará com que ele gere os textos em um documento do Word com uma formatação amigável para ser copiada.
É um grande poupador de tempo.
Pensamento do Dia
“Tenho 25 anos. Os próximos três anos podem ser os últimos anos em que trabalharei. Não estou doente, nem estou me tornando uma mãe que fica em casa, nem tive a sorte financeira de estar à beira da aposentadoria voluntária. Estou à beira de um desenvolvimento tecnológico que provavelmente, caso chegue, acabará com o emprego da forma que o conheço.”
- Avital Balwit, Chief of Staff to the CEO na Anthropic.
Por hoje é só!
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Tenha uma ótima semana e até semana que vem!